sexta-feira

Escapadinha dos Mourões 2016
“O Rossio e as suas leiteiras”
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Em Rossio ao Sul do Tejo, já não existem “Leiteiras” mas, ainda não há mais de quatro décadas, era uma atividade profissional, que garantia o sustento a várias famílias, de Rossio ao Sul do Tejo.
Até ao aparecimento do leite pasteurizado, atualmente, disponível em qualquer supermercado, várias eram as mulheres que se dedicavam à distribuição do leite, de porta em porta, na nossa freguesia.
Logo de manhã bem cedinho, as incansáveis leiteiras carregavam as suas pequenas bilhas e lá iam distribuindo o leite de porta em porta, pelas suas freguesas.
Por vezes, os maridos carregavam outras bilhas e distribuíam-nas por pontos estratégicos de Rossio ao Sul do Tejo, para que, quando as primeiras bilhas estivessem vazias, as pudessem trocar, sem perderem tempo, nem clientes, pois não tinham que voltar à vacaria, para as tornar a encher.
As leiteiras trabalhavam para pequenos criadores de gado. Um desses criadores de gado era o conhecido “Ti Abel das Vacas”, oriundo de famílias humildes, que começou por trabalhar na Quinta das Amendoeiras, quando ainda tinha 10 anos. Trabalhou muitos anos para uma senhora de origem francesa, Clemência Dupin, filha do engenheiro responsável pela construção da ponte que liga o Rossio à margem norte e que era a proprietária da Quinta das Amendoeiras, que, atualmente, pertence à Família Estrada. Esta Senhora gostava muito do Abel e cuidava dele como se fosse a sua mãe. Foi com ela que cresceu e aprendeu a negociar gado e leite, o que lhe permitiria, mais tarde, criar o seu próprio negócio neste ramo. Depois desta quinta ainda trabalhou noutra, a Vila Jaime, até que finalmente comprou uma pequena extensão de terreno no Lugar do Cabrito, onde criou o seu próprio negócio de criação de gado vacum e se dedicou ao comércio do leite, que as suas vacas produziam.
O “Ti Abel das Vacas” chegou a ter dezoito vacas leiteiras, cujo leite era considerado dos melhores da região e recomendado pelos médicos na alimentação de crianças.
Segundo reza a história, ninguém resistia ao aroma deste leite quando era fervido!
Mas o tempo passou e rapidamente tudo se alterou. Os pequenos produtores locais, foram obrigados a vender a sua produção artesanal às grandes produtoras de leite e, nos dias de hoje, compramos o leite já tratado, pasteurizado, empacotado ou engarrafado.
No entanto de acordo com alguns consumidores de outras eras, este leite não tem a qualidade, nem o sabor genuíno, nem a pureza natural do leite, que outrora aqui se consumia.
Nesse tempo, em Rossio ao Sul do Tejo, não havia quem não conhecesse a Ti Rosa Balalaica, a Ti Isilda Lérias, a Ti Florinda Mingote, nem a Ti Rosa Rasteira, que todas as manhãs carregando as bilhas de alumínio, à cabeça, lá iam fazendo a distribuição do leitinho, ainda quentinho, de porta em porta.
Como em todas as profissões, são muitas as histórias que se contam sobre esta atividade profissional, que chegaram aos nossos dias “saltitando” de boca em boca. 
Também como em todas as histórias antigas, há partes verdadeiras e outras muitíssimo exageradas, mas que continuam a ser recordadas entre os familiares e amigos das antigas leiteiras do Rossio.
Serão essas histórias que recordaremos na XIII Escapadinha dos Mourões!
Tu não as vais querer perder.

Boa caça!